Dicotomia

Só hoje, alguns dias depois, tive coragem de escrever a respeito do que se decorreu. Pensei incessantemente se o faria em verso ou prosa, narrativa ou dissertação…

Por fim, quando concluí a evidente dualidade, reuni a força necessária para contar e transcrever a emoção do fatídico dia.

Dar-se-á em prosa.

Eis que, imerso em meus pensamentos, experimento a fusão do real e do tátil. Parado, eu observo e ouço a musicalidade dos passos ávidos ritmados. Eu deveria sorrir ou chorar de emoção? Não sabia.  Na dúvida, fiz ambos, afinal, ambas reações eram plausíveis.

Observei, então, o que me circundava o corpo e os pensamentos. Era tudo tão belo. Senti-me envolto pelos mundos fantasiosos criados pela minha própria mente. Eu estava ou não ali, de fato? Não sabia. Mas estava profundamente alegre.

O ligeiro contato visual realizado em seguida revelou a reciprocidade do sentimento de alegria. Que momento único.

Ela me abraçou.

Um abraço firme, seguro, decidido.

O abraço prometido.

Que eu havia esperado quase um ano por.

Talvez mais de um ano.

Quanto tempo ficamos ali? Cinco minutos? Uma vida? Alguns momentos? Uma eternidade?

Rimos com o pensamento. Nos entreolhamos, acanhados. Sabíamos dos nossos sentimentos e da óbvia reciprocidade, mas não sabíamos como expressá-los ou mesmo verbalizá-los. Nos abraçamos de novo, afinal, era o que fazíamos de melhor.

Que tarde, aquela. Ignorávamos as multidões e andávamos por elas, conversando, inocentes. Houveram momentos memoráveis.

E, de supetão, a realidade bate à porta. Eu estava perdido naquela multidão. Não estava, porém, sozinho. E disso, ela fez questão de me avisar.  “Eu estou com você. Sempre estou”.

Era tão profundamente verdade que eu não pude deixar de sorrir.

Ela, agora determinada, me conduziu através do caos, me guiou, segurando minha mão enquanto pessoas se amontoavam sobre mim. E mesmo assim, sua mão estava sempre sobreposta à minha.

Naquela doçura, ela me acudiu.

Naquela doçura, eu confiava.

Naquela doçura, ela me levou de volta para a minha antiga vida, mas não antes de…

…naquela doçura, me ensinar o verdadeiro significado de “para sempre”.

18 comentários sobre “Dicotomia

  1. É realmente incrível a maneira como escreve… Conseguir colocar em palavras momentos tão indescritíveis como esse

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