Fui traído. Me vexa dizê-lo, mas fui traído por mim mesmo. Eu sou a última apunhalada sobre o corpo de César. Eu sou Lancelote.
Vítima do meu próprio julgamento, observo a luz adentrar o castanho dos meus olhos dolorosamente. É como se eles estivessem vivos por um momento.
E tão de repente, com algumas palavras, é noite. Me debulho em lágrimas. Grito. Até tu, Brutus?
Meu desespero me leva a engolir secamente as pílulas do sono. Em meio à sua piedade, profanei contra mim mesmo. Apesar disso, a culpa foi minha. Nos meus ombros, as consequências riem, e eu me afundo nas profundezas do meu orgulho quebrado.
“Eu”. A repetição é intencional. Não consigo pensar que outro tenha sido tão vítima quanto eu. Ora, eu fui o júri e o executor.
Motivo de piada. Chacota.
É tudo demasiadamente imundo. Como se tudo – e todos – tivessem duas faces. Uma ruim, e outra pior.
A ironia de me afogar no lago que eu mesmo transformei em pântano. O gosto amargo da lama que eu mesmo ali joguei.
Mas foi uma boa lição. Nunca mais hei de ser apunhalado. Não me afogarei.
Não me vingarei de mim mesmo.
Mas jamais me deixarei trair.
Lindo!! Você expressou o que eu estava sentindo uns tempos atrás, a verdade é que sempre nos apunhalamos. Sempre nos traímos, somos assim, humanos, falhos, somos meros humanos procurando a perfeição nas linhas tortas do coração. Você está conseguindo chegar nessa perfeição com seus textos, parabéns!!
MUITOOO BOM
realmente seus textos a cada dia vem melhorando, e muito. Percebo isso com grata alegria…
Amei a comparação com a história de César.
Como sempre surpreendendo com seu textos maravilhosos !!!
Me senti inserida no texto, é uma realidade com que muitos batem dia após dia… ou também que se divaga nas horas vagas enquanto se caminha ao vento…
Adorei, bjo!